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quinta-feira, 18 de maio de 2017

Não vá embora!

As gotas,
quando caem assim todas juntas,
causam um certo transe,
meio piegas.
Algo delas atravessa o teto, invadindo e ocupando tudo,
passando até por aquilo que chamam de alma.
Uma corrente de energia me percorre o
corpo,
por dentro e por fora.
Meus pulmões inflam...
o fluxo de ar neles aumenta.
Fecho os olhos e ouço a música.
Ela preenche tudo isso que está vazio.
Mas o ritmo diminui.
Ouço uma... outra...
elas se afastam.
- Não, não pare!
Abro a porta.
Ainda em tempo, corro para o céu aberto.
Levanto o rosto, fecho os olhos e deixo a boca semiaberta.
Ela é fresca, a gota.
Tão pequena!
Esvai-se em sua homeopatia.
Fecho os lábios e conquisto outra sobre eles.
Não vou abrir.
A gota passeia sobre meus lábios, roubando sua temperatura e evapora.
São pequenas as gotas agora...
Ah, tempo! Vá embora.

(Sandra Boveto)

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