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sexta-feira, 24 de março de 2017

A corte da vida * By Sandra Boveto



A corte da vida

Imagine que a vida seja um conjunto de demandas em juízo – de incontáveis conflitos de interesse em constante interação.
Em uma demanda, se você é uma das partes, você não pode julgar e, se você é juiz, você não deve julgar sem um prévio processo de conhecimento. (Não fale sobre o que você não sabe)
Se você realmente precisa ser um juiz, você deve ter reunido no processo o maior número de elementos que lhe mostrem a realidade dos fatos, objetivamente, antes de julgar, pois um juiz deve ser imparcial e deve reconhecer seu grau de suspeição ou impedimento em cada lide. (Retire os antolhos, rasgue os preconceitos e tenha autocrítica, antes de qualquer avaliação sobre o outro ou sobre a vida).
Um juiz não impulsiona o processo, antes da provocação das partes. (Não se meta onde não for chamado)
É fundamental entender que você não pode bem desempenhar o papel de juiz e de parte em um mesmo processo da vida. (Está no meio da briga? Saia dela, antes de tomar decisões ou tirar conclusões definitivas)
Se há conflito, e você é uma das partes, certamente você contestará os argumentos da parte contrária de forma passional. (Esfrie a cabeça ou ficará sem defesas)
Para o juiz, deve haver uma relação de igualdade entre as partes. Nenhuma tem prevalência sobre a outra em seus direitos. (Não seja imbecil, gente é gente, seja lorde ou indigente)
Às vezes, em processos da vida, você é um procurador, um simples mandatário. Sim, simples. Como mandatário, o seu interesse não envolve emoções e a vida não é tão simples. (Respeite e não menospreze o sofrimento alheio)
No seu processo pode haver intervenientes. É possível que, no futuro, um deles faça toda a diferença no resultado da sua demanda. (Os coadjuvantes da sua trama são atores principais em outros enredos... nos quais você poderá ser o coadjuvante)
Deve haver mais de uma instância sim. Sendo parte, em dolorosos litígios da vida, você quer e merece o direito de recorrer. Proponha-se a uma segunda chance. A outra parte deve reconhecer seu direito com mansidão. Mas, lembre-se, é um direito recíproco.
Quando o processo chegar à última instância, o respeito e a lealdade processual, assim como a boa-fé devem permanecer. Você perdeu? Perdeu mesmo? Claro que não. Nos litígios da vida, perde-se apenas quando se perde a si mesmo. Não se desespere. Não trapaceie. Não ataque. Não queira obter seu bem da vida a qualquer custo. Você mesmo é o seu autêntico bem da vida. Não se perca.
Talvez não seja necessário dizer, mas o devido processo da vida ainda não tem todas as regras bem definidas, e seus sujeitos são complexos. Há princípios processuais vitais e indeclináveis, porém desconsiderados. Espera-se e roga-se por justiça, esquecendo-se de praticá-la.
A injustiça é constantemente aplicada pela confusão de papéis, pela falta de objetividade, pela má-fé, pela ignorância e, principalmente pela falta compaixão e empatia.
Na corte da vida, não seja um martelo cego. Desprenda-se do ego. Veja você no outro e veja o outro em você.

(Sandra Boveto)

Imagens Google

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