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terça-feira, 24 de novembro de 2015

ESBOÇO DE UM COMENTÁRIO HISTÓRICO - Manoel Ferreira Neto



Na 12º edição deste suplemento-caderno literário-filosófico, tivemos a oportunidade de escrever missiva ao intelectual, historiador e escritor Sílvio Gabriel Diniz, tecendo comentário no tangente à Curvelo meu Curvelo, de sua autoria. Apreciamos sobremodo a sua linguagem e estilo de escrever – obra histórica eivada de linguagem literária e poética, o que é dificílimo de ser realizado devido à estrutura, isto é, descrição real e objetiva da história de um município, exige método e critério - sobre a Imprensa escrita, TV, Serenata, etc., etc., seu sonho de uma Academia de Letras que, infelizmente, não fora realizado, foi fundada em 23 de setembro de 1988, mas se tornou acinte à cultura e às artes curvelanas, e continuará sendo até que medidas de moralização e ética sejam tomadas a rigor, dentre elas membros serem reais escritores.    
Antônio Nilzo Duarte encontrou em sua biblioteca outra de suas obras, o vol. III de Dados para a História de Curvelo, dizendo enviar-me-ia cópia Xerox, um presentinho, para leitura, conhecimento de seus trabalhos, da História de Curvelo, tendo-lhe dito eu que aproveitaria para escrever artigo nesta 13º edição. Disse-o antes, enfatizo reafirmando, há apenas cinco anos que me interessei por conhecer a nossa história, cultura e artes, tendo lido muito pouco, só quando aparecem obras no seu devido tempo, e, aliás, muito pouco se escreveu a respeito, o curvelano pouquíssimo sabe de sua identidade histórica.
Particularmente, não conheço nenhuma obra histórica nos últimos cinqüenta anos, o que é uma lástima. Em conversas com amigos, alguns comentaram sobre aspectos relevantes que deveriam figurar em livro, dentre eles obra com os nomes de ruas para que o leitor saiba de quem se trata, porque o nome foi dado, porque houve mudança, quem mo disse fora o Secretário de Cultura João “Comunitário”. Isto é realmente importante: quem foi Benedito Valadares, nome de nossa Praça Central, considerada uma das mais belas de Minas Gerais? Quem foi Paulo de Frontin (eu próprio não sei quem foi)? Quem foi Zuzu Angel? Quem foi Pacífico Mascarenhas? A maioria das pessoas não sabe quem foram estas pessoas. De minha parte, reclamo obras ensaísticas, dissertações, teses a respeito do pensamento de Lúcio Cardoso, o conhecimento de seu pensamento é imprescindível para o desenvolvimento de nossa literatura, de nossa vida mesma, de Sílvio Gabriel Diniz, suas reais contribuições intelectuais, historiográficas, artísticas, humanas e espirituais, de outras personalidades das artes e da cultura. Tudo que, porventura, for escrito sobre minha vida e obra em Curvelo, na atualidade, não acredito será um dia feito, enquanto for vivo, será considerado “não autorizado”, senão se fosse escrito por Paulo César Carneiro Lopes, Marcos Antônio Alvarenga, Antônio Nilzo Duarte, pela professora Vilma Simões.
O leitor sabe, tem consciência, de que empreendo trabalho sério e responsável em nome de nossas artes e cultura, quando tomei em mãos a responsabilidade de escrever sobre as nossas reais personalidades artísticas, nossos escritores. Com as análises, comentários, pequenos ensaios nascidos da leitura de suas obras, a intenção mesma é de divulgação do pensamento, das idéias, dos sonhos, das posturas éticas e morais reais e humanas, não apenas no que tange ao conhecimento da obra, o que nela encontramos que seja semente de transformações éticas, morais, humanas, espirituais, que nos faça crescer como homens, indivíduos, que nos ajuda a vislumbrar a vida, o nosso futuro. Já escrevi, nestes termos, sobre Delém, Dalton Canabrava Filho, Antônio Nilzo Duarte, sendo ele sobre quem mais escrevi, Marcos Antônio Alvarenga, Paulo César Carneiro Lopes, Ângelo Antônio, Mary Ribas, etc., etc.  Ademais, com a fundação deste suplemento-caderno literário-filosófico, cujos objetivos e projetos são a divulgação de nossas artes e cultura. Faço o que posso, lembrando-me de Goethe, quem escrevera: “Outros fariam ou farão melhor; eu fiz o que pude”.
Inacreditável, mas é verdade inconteste: o curvelano pouquíssimo interesse mostra pelo conhecimento artístico, cultural, histórico de nosso município, temos problema sério com a memória, desejamos a todo custo eliminá-la, esquecendo-nos de que sem memória não há vida, não há história, nada há, o município é apenas um galpão cheio de gente. Deveríamos atribuir a responsabilidade de obras históricas não serem publicadas ao poder público que não incentiva, apóia, repassando verbas para tal? Apesar de que isto seja real, a responsabilidade é do próprio curvelano que não dá a mínima para isto, nenhum interesse mostra pelo conhecimento. Complicado. 
Lendo este III volume de Dados para a História de Curvelo, o que mais desperta a atenção não é propriamente o método e critério escolhidos e estabelecidos, mas a sensibilidade, consciência ética e moral do que se pretende realizar, do que está sendo historiado, a sua responsabilidade não apenas de historiador que é, mas também de homem, indivíduo, cidadão, filho de Curvelo, os seus recônditos desejos de engrandecer a sua terra com pesquisas sérias, sinceras, imparciais. Com efeito, Sílvio Gabriel Diniz é grande personalidade de nossa vida histórica, cultural e artística, e muito poucos curvelanos o conhecem, isto é, leram as suas obras, é merecedor de incólumes reconhecimentos; há quem tenha plagiado Sílvio Gabriel Diniz, não sei qual trabalho fora plagiado, mas o digníssimo escreveu a obra de trás para frente para enganar trouxa, isto é do conhecimento de todos, só que ninguém abre o bico, eu abro, o segundo “apresentador” desta obra, Dados para a História de Curvelo, não vou sujar as minhas páginas e este suplemento indicando-lhe o nome, ainda não entendi o porquê da família não lhe haver processado, direitos autorais estão prescritos na Constituição – aliás, vale ressaltar, que os Gabriel Diniz são todos personalidades de grande valor em todos os níveis do conhecimento, em todos os níveis de desenvolvimento cultural de Curvelo, dentre eles Dr. Newton Gabriel Diniz, Dr. Maurício Gabriel Diniz, Dr. Maurílio Gabriel Diniz, tendo sido eu aluno deste no curso de contabilidade no Colégio Padre Curvelo, todos advogados de renome, e muitíssimo ainda contribuem com a presença no cenário jurídico dos dois últimos.
Reclamo por divulgações do pensamento e idéias dos homens de nossa cultura e artes. Sim. Existem alguns trabalhos sobre outras personalidades, lidos por mim mesmo, mas enveredados para a ufanização, para a criação de mitos, ideologias, trabalhos mal escritos, sem fundamentos, trabalhos sem perspectivas de responsabilidade e compromisso, voltados apenas para a subjetividade, elogios e encômios. Reclamo de trabalhos sérios, como são os trabalhos de Sílvio Gabriel Diniz, intelectuais, historiadores sérios, imparciais, comungados ao ideal e sonho de nossa identidade.  Curvelo não bate palma para ninguém, mas quando resolve bater esquece-se que as mãos não suportam tanto exercício, falta destruir as mãos de tanto bater palma. Quando se resolve a escrever obras históricas, biografias, autobiografias, esquecem-se de re-velar o homem por inteiro, só se escreve à luz de algumas coisas que engradecem, às vezes até extrapolando os sensos de credibilidade, o outro lado não mostram mesmo. Até hoje só li três obras memorialísticas dignas de respeito, consideração, reconhecimento, a verdade foi dita com todas as letras. Devido exatamente a isto, já publiquei oito textos, nos tablóides, nestas páginas, a respeito do autor, de suas obras, escrevi dois romances inspirado neles, fiz apresentação do terceiro, está por ser publicado o quarto volume, o prefácio já está pronto.  
A leitura de Curvelo meu Curvelo extasiou-me, sensações, emoções, sentimentos puros tivera, a linguagem e estilo poéticos de uma estesia sem limites e fronteiras, re-velando com primor sua sensibilidade, espiritualidade, sentimentalidade, seus sonhos e projetos, sua convivência séria e sincera com a história, com as letras – o desejo de conhecer-lhe, conversarmos, trocarmos idéias, falarmos de projetos de divulgação de nossa história, surgiu, mas, infelizmente, não está mais aqui conosco no mundo, mas havia modos de conversarmos, dirigi-lhe missiva.
Sobre este que agora este escrevendo, a linguagem e estilo poéticos não existem mais, é de cunho historiográfico mesmo, são pesquisas feitas com a paciência de Jó, a responsabilidade com os fatos, acontecimentos, com a descrição fiel e real de todo o processo histórico. Método e critério. O leitor não sabe, mas confesso aqui e agora que detesto ler livros históricos, nomes, datas, leis, descrição de fatos, elaboração de pesquisa, para mim é um tédio ler. Geralmente, não leio. Contudo, o que senti da pessoa e do homem Sílvio Gabriel Diniz prevaleceu, a sua sensibilidade, sua postura ética e moral, sua responsabilidade com a história de Curvelo, do povo curvelano, sobretudo seus sonhos e projetos, incentivando-me à leitura. Bem, sou mais sincero ainda... Aquando li pela primeira vez os livros de Antônio Nilzo Duarte, quase abandonei antes da metade do primeiro, devido aos muitos erros de toda espécie, mas a sensibilidade e espiritualidade dele me incentivaram, li com prazer e alegria, contribuíram com mudanças e transformações espirituais importantes na minha vida de homem, de esposo, amigo, intelectual, escritor. Agora, continuar a ler obra como esta, seguindo criteriosamente a metodologia histórica e ensaística, o incentivo à leitura devido ao que pude conhecer de Sílvio Gabriel Diniz não me levaria à continuidade de leitura. Odeio nomes enfileirados. Continuei a leitura por ser de responsabilidade minha, compromisso, preciso conhecer a História de Curvelo, sem cujo conhecimento não posso ao menos considerar-me escritor, intelectual, nem ser considerado. É de minha responsabilidade conhecer a identidade histórica, cultural, artística de minha terra-natal.
Embora a metodologia tradicional utilizada, a obra chama a atenção, desperta para o conhecimento, devido à sensibilidade, ao poder da memória, a intuição histórica, a percepção da profundidade dos fatos e acontecimentos, ao homem que a escreveu. Estando já quase no final deste comentário, análise, da obra, ainda não terminei de lê-la, estou na metade.     O interesse é o conhecimento, é a minha formação da identidade histórica curvelana, não desfruto do mesmo prazer de leitura como fora com Curvelo meu Curvelo. Vale ressaltar que não estou negligenciando seus lídimos valores, reconheço-lhes ainda mais, a questão é só a obra Histórica.
Jamais, leitor, li qualquer coisa sobre o Hospital Santo Antônio, nada conhecia a respeito, nada ouvi a respeito. No entanto, foi neste hospital que aos dezoito de julho de mil novecentos e cinqüenta e seis nasci. Existe alguma justificativa cabível para não conhecer a história do hospital onde nasci? Não. Assim, você pode avaliar a minha postura quanto a esta leitura, sou obrigado a conhecer. Apesar de certos incômodos, estou apreciando a leitura, está-me ensinando outros métodos e critérios historiagráficos que podem me auxiliar nas letras, na Literatura, na Filosofia.
Comecei o interesse pela História, quando conheci os amigos Antônio Carlos Fernandes e Wander Conceição, escrevendo o artigo, já publicado nestas páginas, Caminho de luz nas trevas, enviado para a UNESCO, através da Associação Comercial e Industrial de Diamantina, texto de abertura do lançamento de Mezza Notte, obra sobre as origens da Vesperata diamantinense. Logo depois, tornei-me secretário pessoal do historiador José Paulo da Cruz, escreve sobre a História do distrito diamantinense Curralinho, ou Extração, reviso metodicamente suas obras. Tenho já algumas estradas trilhadas no que concerne à História. Os métodos, metodologias, são diferentes, cada um desses autores tem a sua linguagem e estilo, as responsabilidades são as mesmas.
Existem hoje outros modos e formas de escrever História, outras perspectivas de abordagem, dentre elas a história analítica, cujos interesses não são apenas da descrição dos fatos e acontecimentos, mas transcendendo a isto, enveredando para a formação e constituição do pensamento, idéias. Não conheço qualquer análise histórica neste sentido em Curvelo, em verdade não há. Aliás, é a grande contribuição que estou re-colhendo e a-colhendo com esta leitura, isto é, a partir da historiografia de Silvio Gabriel Diniz, o seu estilo e linguagem, sua forma, métodos e critérios, torna-se possível escrever a História analítica curvelana, o desenvolvimento das idéias e pensamentos, constituindo até uma filosofia do pensamento curvelano. Aqui está a sua enorme contribuição, aqui está re-velado o seu espírito empreendedor e re-novador.
Não o faria eu, não escreveria esta história, não tenho qualquer competência para isso. Acabo de ser convidado para escrever a história de Thomaz Duarte, que o farei com grande esmero e carinho, mas se trata de uma biografia, já li tantas em minha vida, e aprecio bastante. Agora, escrever a História Analítica de Curvelo são outros quinhentos mil réis. Faço o que posso; busco despertar no espírito dos historiadores, ensaístas, intelectuais para este trabalho nos últimos cinqüenta anos de nossa existência, costumes, hábitos, cultura, artes, fé e religiosidade em Curvelo sofreram grandes transformações e mudanças, e não temos quaisquer conhecimentos delas. Mas quem esteja mesmo interessado em fazer análise rigorosa, não ufanizar, elogiar, encomiar os grandes homens, os grandes feitos, não ideologicamente, criando mitos e lendas insustentáveis, para justificar nossos erros e enganos, nossa sociedade sempre estranha e esquisita, nossos sistemas políticos arbitrários e chinfrins.
Em última instância, digo, dizendo, a leitura deste nosso intelectual, escritor, historiador está sendo muito importante para mim, tem ele contribuído bastante, apesar do pouco tempo de nossas relações, com os meus ideais e projetos, sonhos e utopias da cultura, intelectualidade, artes curvelanas. É mister não apenas reconhecer Sílvio, Dr. Newton, mas à família Gabriel Diniz por todos os seus empreendimentos, lutas, realizações, feitas em nome de nossa História, em nome do povo curvelano. Uma coisa é real, não é curvelano: nós só damos valores aos homens empreendedores de nossa terra, depois de sua morte. Muitos falam sobre isso. Maurício Gabriel Diniz em uma de nossas conversas, dissera-me: “Para que reconhecer depois da morte? Não vejo muito sentido nisso”. Deve-se reconhecer o que já foi feito, deve-se reconhecer o que está sendo feito, os que já morreram os que estão vivendo e lutando com todas as garras para o desenvolvimento de nossa cultura, artes, história. É tempo, curvelano, de considerar isto verdadeiramente. Iremos descobrir novos horizontes e universos em nossas vidas, veremos de perto nossas transformações e mudanças.
Ficam aqui o meu reconhecimento ao homem Silvio Gabriel Diniz, às suas obras que são de importância capital para a formação de nossa identidade histórica, fica aqui o meu agradecimento aos Gabriel Diniz por tudo que fizeram e fazem em nosso nome.
Razão In-versa
05 de março de 2009                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          


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