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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

CORCOVADO DE ESPERANÇAS - XXI – SILÊNCIO ABRAÇA OS HOMENS - Manoel Ferreira Neto.




Amplexos do silêncio infeliz...


É, sobretudo, no infortúnio que o silêncio abraça os homens. Abraço de compreensão e entendimento, promessa transparente de libertação – suficiente a Fé. De ternura, certeza nítida de aconchego, SONHO de traduzir as emoções – bastante o DESEJO pela vida. De solidariedade – cabe a entrega absoluta ao AMOR.


Pequenas palavras surgidas de súbito, em princípio, sugerindo que foram-são pensadas para outras virem à soleira, dizerem suas verdades, modificando a linguagem, o estilo, beleza, re-velando perspicácia, acompanhada de vivacidade, para mergulho profundo. A palavra fora “talvez”. Talvez, no infortúnio, amplexos de silêncio infeliz; nos amplexos do silêncio, o infortúnio.


O que é isto de, talvez, os que mais conhecem os amplexos do silêncio fá-lo sob que águas caladas e pró-fundas?!... Descansa a tênue camada da vida quotidiana. Disse-o antes. De imediato, surge em cena dúvida, desconfiança. Talvez quem conhece sabe o que significa, o valor que possui, contudo, re-colhendo-as no íntimo, com as aparências e re-presentações estranhas a um olhar de soslaio, perdendo-as; quanto aos outros homens, não o sabem, o desejo e sonho são de torná-las reais, o único clima saudável de prolongar-se por dias e noites, adentro sabe lá o quê, isto sim acolhe as águas e os silêncios; a intenção é justamente despertarem para esta busca, sentir-se-ão felizes.


Não é que nunca tenhas percebido os amplexos do silêncio infeliz em momentos de problemas enormes; problemas que, de todo, envelavam qualquer promessa de alegria, qualquer esperança em um futuro. Não restou alternativa senão a de mergulhar neles, re-pousando a face nas mãos em concha, e assim pudestes constituir esta verdade: “É no infortúnio que o silêncio abraça os homens”. Desde então, em horas difíceis, entregais-vos à reflexão, nos braços do silêncio, retornando deles apta a seguir jornada. Senti-vos viva, forte. Quem sabe ouvir os sinos silenciosos do Natal?!..., prenúncio seja de compreensão de que vos cabe espiritualmente.


Só diante deste pensamento de “no infortúnio o silêncio abraçar os homens” pudestes perceber não ser o silêncio que se sente infeliz, é o homem, e os abraços são que o torna feliz outra vez, pronto para continuar o itinerário à busca do sublime e do eterno. Mas não seria verdade também que o silêncio possa se sentir infeliz frente às situações, arbitrariedades, erros do homem consigo próprio? Aí, as vozes todas que habitam o silêncio calam-se, sequer um sussurro, cochicho, murmúrio.


As tristezas fazem-vos agora sorrir e não sabeis o motivo de, com este amor todo, do fundo da memória, chegar-vos a imagem de um prado, ladrilhado de ardósia. Escapam á compreensão do olhar. Se a consciência reouver um instante de perspicácia, os contornos perdem-se.


Quer dizer que, às vezes, quando a carga da vida se torna demasiado pesada num mundo tão impregnado de intempéries, procura voltar-vos para os abismos deslumbrantes da alma, onde tantas emoções novas e inocentes perduram-se intactas. Conhecei-as bem demais para ignorar que são emoções eleitas, onde a contemplação e coragem podem equilibrar-se, onde o in-verno e o in-verso podem comprazer-se de virtudes plangentes e exaltar a força de seus encantos.


Em toda a minha carreira procurei desenvolver algo que julguei ser importante ensinar, orientar são uma responsabilidade minha, porque o meu objetivo principal é ajudar outras pessoas a se conhecerem, a buscarem outros modos e estilos de vida, desejando antes de tudo a autenticidade. Não há razão alguma para fazer os outros se sentirem em dívida ou para aceitar os seus agradecimentos, porque o que realmente estou fazendo é cumprindo o meu próprio voto. Quando como a minha própria comida, não há nenhuma razão para agradecer a mim mesmo, porque comer é algo que preciso fazer.


Que seria esta vida, se é que de vida merece o nome, sem os prazeres da volúpia? Oh! Oh! Vós me aplaudis? Não esperava por isso. Já vejo que não há aqui nenhum insensato que não possua esse sentimento. Sois todos muito sábios, uma vez que, a meu ver, a loucura é o mesmo que sabedoria. Podeis, pois, estar certos de que também os estóicos não desprezam a volúpia, embora astutamente se finjam alheios a ela e a ultrajem com mil injúrias diante do povo, a fim de que, amedrontando os outros, possam gozá-la mais freqüentemente. Mas, admitindo que esses hipócritas declamem de boa fé, dizei-me, por Júpiter, sim, dizei-me se há, acaso, um só dia na vida que não seja triste, desagradável, fastidioso, enfadonho, aborrecido, quando não é animado pela volúpia, isto é pelo condimento da loucura. 


É inútil lamentar-vos da tristeza, da solidão do espírito, basta trabalhar para vós, para vossa felicidade, e todo o esforço é para que a solidão e tristeza resistam aos ventos do mar pela virtude da brancura e da seiva. Porque esta é que preparará o fruto do in-verno no mundo.


É preciso descer ao silêncio da memória e começar a garimpar diamantes perdidos. Um dia algo foi bom, verdadeiro, a luz do sol re-fletiu na pedra de diamante e o re-flexo deixou-vos perplexa... Achais que o foi, pois ninguém coloca alguém a seu lado acreditando que o faria infeliz, embora possam querer e desejar o mais profundo, ninguém traz alguém para dentro de sua intimidade achando que iria sofrer. Estais carente de abraços. Se desejais que algo melhore, vós mesma tereis que começar esta trans-formação; a mudança começará por si. 























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